DONS DE LÍNGUAS

No dia de Pentecostes Deus inverteu o que fez em Babel para mostrar que agora queria novamente que seu povo pudesse se entender. Os discípulos, cheios do Espírito Santo, falaram em diferentes idiomas, e judeus de várias nações os ouviram falar cada um em sua própria língua. Apesar de ter sido algo miraculoso, obviamente não há ali qualquer menção de um idioma angelical, pois fica claro tratar-se de idiomas humanos e há até uma lista das regiões onde esses idiomas eram falados (Atos 2), Paulo fala que alguns tem dons de variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas (1 Coríntios 12:10). Interpretar a língua dos Anjos? Claro que não, está claro, se trata de idiomas diferentes. De onde então o pentecostalismo tirou essa ideia, de que alguém poderia falar a língua dos anjos?


O problema é que Paulo não está dizendo ser capaz de falar a língua dos anjos. Ele está usando uma figura de linguagem e fica fácil entender isso se  lermos  os  "ainda que" usados por ele no texto: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos..."; "Ainda que tivesse o dom de profecia..."; "Ainda que conhecesse todos os mistérios e toda a ciência..." (1 Coríntios 13:1). O foco de Paulo não está nas coisas que ele supostamente seria capaz de fazer, mas no fato de que de nada adiantaria fazer tudo isso se não tivesse amor. Ao focar na "língua dos anjos" o pentecostalismo perde o foco totalmente, como a criança que ganha um brinquedo de aniversário e prefere brincar com a caixa.

A fortaleza do atual dom de línguas está construída sobre uma errônea interpretação desse versículo. Realmente, Paulo tem em suas epístolas coisas difíceis de entender, e os que torcem podem até se perder (2 Pedro 3:15,16), Paulo não diz que a língua era desconhecida, logo então, as línguas referidas eram idiomas estrangeiros em uso por nações, mas desconhecidas aos membros da igreja de Corinto. É erro deduzir da frase 'línguas estranhas', que uma língua especial estava sendo falada pelos corintos, uma vez que o dom já havia sido chamado de 'variedade de línguas' (1 Coríntios 12:10).

A VERDADE SOBRE O DÍZIMO

A palavra dízimo encontrado pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 14 significa colheita, ou seifa e que foi uma atitude voluntária,  quando depois de uma guerra, Abraão ofereceu a um sacerdote chamado Melquisedeque; Jacó, seu neto, também comprometeu-se voluntariamente a dar dízimos, esse dízimo nunca foi dinheiro e sim cereais, sendo este totalmente diferente do preceito religioso estabelecido na ordem levítica da lei de Moisés que pela sua lei o dízimo significa a décima parte de algo, paga voluntariamente ou através de taxas ou impostos, para ajudar organizações religiosas judaicas segundo a lei de Moises (Levítico 27:30-32, Malaquias 3:10; Hebreus 7:5). 

Segundo ordem levítica dízimo era dado exclusivamente aos levitas (1 Crônicas 15:2; Hebreus 7:5,11). Seu início se deu porque dentre as 12 tribos de Israel,  a mais pobre era a tribo de Levi, então as tribos mais prósperas deveriam repartir mantimentos com a tribo menos favorecida justamente porque elas tinham colheitas em abundancia e não necessitavam de tantos mantimentos, guardar tudo para elas mesmas significaria acumular tesouro o que é terminantemente proibido por Deus, a tribo de Levi por sua vez também ofertava a viúvas órfãos e necessitados (Deuteronômio 26:12) repartiam com os estrangeiros, já que Israel no passado também já foi estrangeira, significando assim amor ao próximo, lá, benção era chuva para a colheita,  maldição era seca, o devorador eram os gafanhotos, tudo isso definitivamente nada tem a ver a associação do devorador com o demônio nem benção com prosperidade financeira, como ensina o sistema religioso de hoje, em toda a Bíblia não existe uma única citação que ampare essa afirmação. Segundo a Lei apenas os levitas poderiam recolher o dízimo.

Os líderes religiosos de hoje que recolhem o dízimo, não são da tribo de Levi, não são judeus e não fazem parte da lei de Moisés. Este costume existiu de Abraão até Levi (Hebreus 7:9), nessa passagem Paulo explica que, o dízimo termina em Levi e por ser Cristo sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque, este ab-rogou (aboliu) o sacerdócio