PARÁBOLA DOS LAVRADORES MAUS

Nesta parábola, nos conta sobre a oposição consciente a Deus por parte dos guias espirituais do povo judeu — os sacerdotes, livreiros e fariseus, personificados como os maus lavradores.

"Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra por muito tempo. E no próprio tempo mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio. E tornou ainda a mandar outro servo; mas eles, espancando também a este, e afrontando-o, mandaram-no vazio. E tornou ainda a mandar terceiro; mas eles, ferindo também a este, o expulsaram. E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado, talvez que, vendo-o, o respeitem. Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa. E, lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará pois o senhor da vinha? Irá e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha". (Lucas 20.9-16).

Nesta parábola, os servos enviados pelo senhor da vinha, representam os profetas do Antigo Testamento, assim como os apóstolos que continuaram suas tarefas. Realmente, a maioria dos profetas e apóstolos pereceram por morte imposta pelas mãos dos "Maus Lavradores." Sob o termo "frutos" subentende-se a fé a as obras piedosas, que Deus esperava do povo judeu. A parte profética da parábola — o castigo dado aos maus lavradores e a concessão da vinha a outros lavradores — foi concretizada trinta e cinco anos após a ascensão de Cristo, quando, sob o domínio de Tito, toda a Palestina fora destruída, e os judeus tiveram que se dispersar pelo mundo. O reino de Deus pelas obras dos apóstolos, passou a outros povos.



PARÁBOLA DOS DOIS ALICERCES

"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda." (Mateus 7.24-27).

Esse ensinamento de Jesus é muito atual, porque estamos em um momento no Brasil em que nunca houve tantas Igrejas. Então o problema não é que as pessoas não estão ouvindo a Palavra, o problema é que, como o insensato da parábola, muita gente não está praticando ou obedecendo aos fundamentos de vida ensinados por Jesus. E Jesus diz que se comportar desse modo é pura insensatez, porque embora ambos tenham construído uma casa, e é possível até que a casa do Insensato fosse aparentemente até mais bonita, o teste viria de fato na hora da tempestade, da adversidade!

Jesus usa aqui uma ilustração que também pode ser encontrada nos escritos dos judeus. Essa ilustração poderia ter sido muito instrutiva para uma audiência oriental, afeita às —tempestades características — da região: violentas, repentinas, que às vezes provocavam grande destruição. Chuva no telhado, um rio nos alicerces, vento nas janelas, exigiam uma construção firme, com bons alicerces.

“Ouve estas minhas palavras”. Jesus faz aqui a aplicação do sermão. Provavelmente Jesus usou essas palavras em outras circunstâncias, noutros sermões, para mostrar a necessidade que o povo tinha de receber o Cristo do reino. Diversos indícios mostram que Ele não se referiu só ao reino literal, sobre a terra, o reino político, mas também aludiu ao reino dos céus, à salvação, ao destino dos seres humanos. Para que alguém alcance esse destino e o reino dos céus, os lugares celestiais, é mister que ouça e pratique as palavras do Rei.

“Ouve... pratica”. Esses dois aspectos sempre andam juntos (ver Tiago 1.22-25). Nesse ponto é que falhavam os falsos profetas. É o que os discípulos falsos apenas fingiam fazer. E é isso que os discípulos autênticos devem fazer.

“Homem prudente”. O homem sem bom senso se deixaria impressionar pelo terreno nivelado, sem rochas, que não precisasse de preparo, como se já estivesse pronto para receber a construção. Mas a areia é traiçoeira. Em contraste, o prudente pensaria no futuro, nos ventos, nas inundações. Escolheria terreno pedregoso, apesar de tal terreno requerer muito preparo e trabalho, para que a casa começasse a ser edificada. Este homem prudente simboliza os que ouvem e praticam os ensinos de Jesus. Não faltariam a tal homem as tempestades e os períodos de dificuldade, mas no fim o resultado justificaria sua decisão na escolha do terreno. Esse é o homem que considera bem o ensino, aprende-o e torna-o regra de vida.

“Sua casa”. Não visava a ostentação, mas tinha por finalidade ficar firme, em meio às tempestades. A casa é o símbolo da vida. A vida deve ser edificada com bom senso, considerando o futuro, e não apenas o presente, de acordo com os princípios ditados por aquele que dá a vida e a sustenta. A vida física deve ser usada para obter e desenvolver a vida eterna.


PARÁBOLA DO CAMINHO PARA O CÉU

"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." (Mateus 7.13-14).

A porta que leva à vida eterna (João 10.7-9) é reconhecida como estreita. Isto não significa que é difícil tornar-se um cristão, mas que há um único caminho que conduz à vida eterna com Deus, e que poucos decidem andar por ele.

O único modo de chegar ao céu é crer em Jesus, porque apenas Ele morreu por nossos pecados e justificou-nos diante de Deus.


PARÁBOLA DA LUZ INTERIOR

"A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" (Mateus 6.22,23).

A visão espiritual é a nossa capacidade de ver claramente o que Deus quer que vejamos, enxergando o mundo sob o ponto de vista dele. Mas este discernimento espiritual pode ser facilmente obscurecido. O desejo de servir a propósitos, interesses e objetivos pessoais bloqueiam essa visão. Servir a Deus é o melhor caminho para restaurá-la. Umolhar puro é aquele que está fixado em Deus.


PARÁBOLA DA CONTAMINAÇÃO INTERIOR E EXTERIOR


"E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má." (Mateus 12.43-45).

Nessa passagem, Jesus estava descrevendo a atitude da nação de Israel, particularmente dos líderes religiosos. Remover de sua vida o pecado, sem preenchê-la com Deus, deixará um grande espaço vazio que pode ser ocupado por Satanás.
Libertar nossa vida do pecado é o primeiro passo. Mas devemos também das o segundo passo que é encher nossa vida com a Palavra de Deus e com o Espírito Santo.


PARÁBOLA DO BOM PASTOR

"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." (João 10.11-18).

Jesus muda a comparação. Antes, ele era a porta das ovelhas. Agora, é o pastor das ovelhas. Todo mundo sabia o que era um pastor e como ele vivia e trabalhava. Mas Jesus não é um pastor qualquer, mas sim o bom pastor!  A imagem do bom pastor vem do Antigo Testamento; dizendo que é o Bom Pastor, Jesus se apresenta como aquele que vem realizar as promessas dos profetas e as esperanças do povo. 
A Bíblia diz que somos ovelhas (Salmos 23). Quando nos entregamos a Jesus, o Bom Pastor, passamos a experimentar um cuidado todo especial dele para conosco. 

1- BOM PASTOR DÁ A VIDA PELAS OVELHAS 

(v. 11 — Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas). Em contrapartida, o mercenário, que somente pensa nos benefícios pessoais, deixa as ovelhas à mercê do lobo.

(v. 12 Um empregado trabalha somente por dinheiro; ele não é pastor, e as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas). Jesus não é como um pastor mercenário, que foge deixando as ovelhas em perigo.

(v. 13 O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas.), mas verdadeiramente se importa com o bem estar de suas ovelhas (v. 10, o ladrão só vem para roubar, matar e destruir; mas eu vim para que as ovelhas tenham vida, a vida completa).


2- O BOM PASTOR TEM COMUNHÃO (INTIMIDADE) COM AS OVELHAS

Um bom pastor era aquele que se tornava íntimo do rebanho, a tal ponto de conhecer pessoalmente cada ovelha e de ser reconhecido por elas. Sua voz se tornava inconfundível para as ovelhas. O bom pastor que conhece as ovelhas de seu rebanho tem interesse pessoal e amoroso em cada uma delas; as ovelhas por sua vez, conhecendo o caráter de seu pastor, colocam total confiança em seu guardador e prestam obediência amorosa e incondicional.



PARÁBOLA DA PORTA DO CURRAL DAS OVELHAS

"Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." (João 10.1-10).

Qual é a importância de uma porta em nosso dia a dia? 
Que problemas enfrentaríamos se elas não estivessem presentes? 
A porta é um objeto muito importante do nosso dia a dia. É ela uma via de acesso que nos permite entrar e sair dos mais diversos lugares. Sem ela nossas vidas seriam muito dificultosas e limitadas. Por outro lado, a palavra “porta” também pode ser usada com um sentido metafórico, por exemplo, quando dizemos que “uma porta se abriu para mim”.
Nesse contexto, porta tem como significado “oportunidade”.

Em João 10.9, Jesus afirma, metaforicamente, ser uma porta. Ele está falando sobre a cegueira espiritual depois de curar um cego físico. Ele estava acusando os fariseus de cegueira espiritual. Os fariseus se diziam pessoas especiais para levar as pessoas a Deus e não reconheciam o Messias (prometido). Os fariseus se diziam doutores da Lei e dos profetas, mas não compreenderam a presença daquele a quem as profecias falaram.

DOIS TIPOS DE APRISCO E DE PORTAS

1° TIPO DE PORTA - João 10.2,3

"Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora."

Nos vilarejos e nas cidades em si havia apriscos públicos para ovelhas, onde todo o rebanho do vilarejo era guardado quando e os pastores retornavam à noite para as suas casas. Esses apriscos eram protegidos por uma forte porta da qual apenas o guarda da mesma tinha a chave. 

2° TIPO DE PORTA – João 10. 7,8

"Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram."

Quando as ovelhas saíam para as montanhas nas estações quentes, elas não retornavam à noite para o vilarejo de forma alguma; elas eram ajuntadas no aprisco das ovelhas na montanha. Esses apriscos nas montanhas eram espaços abertos cercados por uma mureta. Neles existia uma entrada por onde as ovelhas entravam e saíam; mas não havia nenhum tipo de porta. 

O que acontecia era que, à noite, o próprio pastor se deitava na entrada, e assim, nenhuma ovelha poderia sair ou entrar, exceto por cima de seu corpo.  No sentido mais literal, o pastor era a porta.


EU SOU A PORTA

Ao afirmar ser uma porta, Jesus estava dizendo afirmando duas verdades principais:
• Ele é acesso e segurança.
• Ele é uma via de acesso e uma oportunidade para as pessoas.
• O ser humano caído caminha por um mundo fechado.
• São poucas as oportunidades para uma vida feliz.
• Nele encontra-se a possibilidade de uma vida plena.

No mesmo capítulo 10.10, ele disse: mas eu vim para que as ovelhas tenham vida, a vida completa.
• Mas Ele também estava se comparando com os pastores daquela época que dormiam na porta do curral e se colocavam como proteção entre as ovelhas e os lobos ou ladrões.
• Quando afirma ser a porta, está ensinando que possui direitos sobre o rebanho e que somente com Ele as ovelhas estão em segurança.
• Ele veio para dar a vida pelas ovelhas (João 10.10,11,15,17) e guardá-las de todo o mal (João 10.28).

Reconhecer que Jesus é a porta não é suficiente. É necessário entrar por ele. Ele afirma: “Se alguém entrar por mim será salvo”.
• Há uma condição.
• Para gozar de seus benefícios é imprescindível passar por ele.
• Nesse sentido, estar perto também não é suficiente.
• Não há outra via de acesso.


PARÁBOLA DA ENTRADA NO REINO

"E disse-lhe um: Senhor, são poucos os que se salvam? E ele lhe respondeu: Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. Quando o pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, SENHOR, abre-nos; e, respondendo ele, vos disser: Não sei de onde vós sois; então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas. E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus. E eis que derradeiros há que serão os primeiros; e primeiros há que serão os derradeiros." (Lucas 13.23-30).

Encontrar a salvação exige um esforço mais concentrado do que a maioria das pessoas está disposta a empreender. Obviamente, não podemos salvar a nós mesmos; não há o que possamos realizar para ganhar o favor de Deus. Esforçamo-nos arduamente para entrar pela porta estreita e segui-lo, porque desejamos sinceramente conhecer Jesus pessoalmente, a qualquer custo.
As pessoas estavam ansiosas para saber quem estaria no reino de Deus. Jesus explicou que, embora muitos conheçam algo a respeito de Deus, somente alguns reconhecem seus pecados e aceitam  o perdão divino. Escutar as palavras de Jesus ou admirar os milagres que Ele operou não é o bastante para ir para o céu.


PARÁBOLA DA FIGUEIRA INFRUTÍFERA

Esta parábola descreve a compaixão do Filho de Deus ao povo judeu, sua vontade em salvar este povo das desgraças que os esperavam.

Deus Pai, da mesma maneira que o dono da figueira, durante três anos das tarefas terrenas de seu Filho, esperava arrependimento e fé por parte do povo judeu. O Filho de Deus, como um bom e cuidadoso vinhateiro, pede ao Senhor que espere, enquanto ele tenta mais uma vez que a figueira frutifique — o povo judeu. Mas, seus esforços são em vão, portanto deu-se uma determinação ameaçadora: o repúdio de Deus àquelas pessoas que contrariaram-no insistentemente. A aproximação deste momento terrível fora mostrada por Cristo ao maldizer, alguns dias anteriormente à sua via crucis, a figueira estéril que crescia no caminho para Jerusalém.

"Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando. E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar". (Lucas13. 6-9).


PARÁBOLA DA GRANDE CEIA

"Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.
E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e portanto não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: SENHOR, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia." (Lucas 14.16-24).

Era no inverno, antes de sua morte, provavelmente na Judéia ou Peréia, e Jesus estava numa grande festa de Sabá, na casa de um chefe fariseu não nomeado. Ele curou um homem que sofria de uma debilitante doença do coração, desafiando qualquer um a objetar, mas os outros hóspedes, pessoas eminentes, fariseus e advogados, observando Jesus com um olhar crítico (Lucas 14:1), estavam evidente, singular e espantosamente desinteressados.

E ele os observava, também, notando quem estava lá (os convidados não foram pobres, nem necessitados) e como eles porfiavam pelos mais proeminentes assentos. Seus valores eram destorcidos por cobiça e egoísmo. Ele os advertiu que este tipo de autoexaltação conduziria a um fim humilhante, enquanto um espírito humilde traria, no mínimo, honra (Lucas 14.8-11). E instou com eles que se movessem além de sua cultura egoísta de um círculo apertado de parentes e vizinhos ricos e se procurassem distrair aqueles que, em sua necessidade, eram impotentes para retribuir (Lucas 14.12-14).

O “certo homem” da parábola que preparou uma grande festa é Deus. E a parábola nos relembra que a festa de amor e alegria que Deus deseja que partilhemos com Ele estará em preparação há muito tempo. É o “reino... preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34) e agora, na plenitude do tempo” (Gálatas 4.4), Deus veio viver entre seu povo e nos convida para vir regozijar com Ele! É a festa de todas as festas. Se você nunca esteve em outra ceia, esta é aquela que você não pode perder.

Contudo, os que foram convidados primeiro estão indiferentes! A parábola fala como, apesar de suas palavras, os escribas e fariseus valorizavam pouco o reino de Deus. Ela também explica porque Jesus era, muito frequentemente, encontrado entre pessoas muito diferentes deles: pobres e desesperados necessitados.

O reino de Deus é um reino de graça. Aqueles que sentem suas vidas plenas não terão lugar nem desejo pelo pão de Deus. Em sua afetada autossatisfação, eles, por outro lado, receberão o convite do céu com a alegria dos desesperados.

Uma resposta incrível

"E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e portanto não posso ir." (Lucas 14.18-20).

A resposta dos vizinhos e amigos deste homem não é nem natural nem provável. As pessoas não rejeitam, no último minuto, um jantar preparado com grande despesa por um homem rico e importante para o prazer de seus amigos. Toda matéria de importância menor seria apagada do calendário e nada, salvo um “ato de Deus”, poderia mantê-los longe. Isto é exatamente como se tinham comportado aqueles convidados para a festa na qual eles e Jesus estavam agora sentados. Os hóspedes apreciavam a honra que lhes estava sendo feita e achavam os principais assentos como uma espécie de distinção especial. Eles não tiveram dúvida em vir a tempo e completamente preparados. É, portanto, inconcebível que quaisquer hóspedes assim convidados se escusassem. Era uma situação absurda e foi para revelá-la como tal que Jesus formulou esta parábola.

A situação na parábola correspondia exatamente à situação da nação de Israel. Os israelitas, como os homens da parábola, tinham sido avisados havia muito tempo, desde os profetas, da vinda do reino de Deus e como aqueles homens estavam sendo avisados de sua imediata aproximação pela pregação de João e de Jesus: “... está próximo o reino dos céus” (Mateus 3.2; 4.17). E, contudo, apesar de todo o seu suposto deleite naquele reino, quando o reino do céu chegou perto, eles estavam totalmente desinteressados em recebê-lo. De fato, como a situação presente demonstrou, eles poderiam sentar-se juntamente com seu próprio Rei e não sabê-lo!



PARÁBOLA DAS BODAS

Nesta parábola, Cristo trata da transferência do reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os "convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não quiseram entrar no reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande devoção nos serviços a Deus.

"O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico; e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos." (Mateus 22.2-14).

Esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.

O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica, etc., apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escreveu o apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Timóteo 3.5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.



PARÁBOLA DA PÉROLA DE GRANDE VALOR

Nessa parábola, Jesus usa como ilustração um negociante em busca de boas pérolas. Esse negociante, quando acha uma pérola de grande valor, vende todas as pérolas que tinha em mãos e compra a de grande valor, reconhecendo o altíssimo valor dela.

"Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a." (Mateus 13.45,46).

A pérola de grande valor é o próprio Jesus Cristo e o seu reino. Antes de conhecer Jesus, olhamos nossa vida como se tivéssemos verdadeiras pérolas em nosso poder, mas quando reconhecemos o valor de Jesus Cristo, essa mentalidade muda, pois ele nos faz ver que as nossas “pérolas”, na realidade, não são tão valorosas como a que Ele nos oferece.

O grande desafio do ensino dessa parábola é o negociador (cada um de nós) saber reconhecer a pérola de grande valor, Jesus Cristo. Isso não é algo fácil, já que o negociador precisa reconhecer o valor da grande pérola e sacrificar suas outras “pérolas” por ela.

Temos o exemplo de um jovem que falhou em reconhecer o valor de Jesus Cristo. Ele até tinha boas intenções, mas quando Jesus o chamou para reconhecer que Ele, Jesus Cristo, tinha que ser a pérola de maior valor em sua vida, ele preferiu ficar com as outras de pequeno valor. “E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me. Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.” (Marcos 10.21,22).

Porém, temos também pessoas que “venderam” tudo que tinham para fazer de Jesus Cristo sua única pérola valorosa. Uma dessas pessoas foi Paulo: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo.” (Filipenses 3.8).

Enquanto a parábola do tesouro escondido ilustra a experiência daqueles que encontram a verdade sem ter a intenção de buscá-la, a parábola da pérola representa os que desejam a verdade com sinceridade.



PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO

A bem-aventurança de Deus é este falso tesouro, comparado ao qual todas os bens materiais mostram-se insignificantes (ou um mero entulho, de acordo com a expressão do apóstolo Paulo). Entretanto, da mesma maneira que o homem não é capaz de dominar o tesouro, enquanto não vender suas propriedades para comprar o campo onde o mesmo está escondido, assim não se pode alcançar a bem-aventurança de Deus até que o homem decida doar seus bens terrenos. Pela bem-aventurança oferecida na Igreja, é necessário que o homem faça uma doação total: de suas ideias preconcebidas, do seu tempo livre e de sua tranquilidade, de seus êxitos e dos prazeres da vida. De acordo com a parábola, o homem que encontrou o tesouro, "escondeu-o" para que outros não o roubassem. De maneira análoga, o membro da Igreja, ao receber a bem-aventurança de Deus, deve conservá-la cuidadosamente em sua alma, sem vangloriar-se desta dádiva, para não perdê-la com sua soberba.

"Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo." (Mateus 13.44).

Esta parábola fala do entusiasmo e da felicidade vivenciada pelo homem quando seu coração é tocado pela bem-aventurança de Deus. Aquecido e iluminado com sua luz, o homem vê claramente toda a futilidade e insignificância dos bens materiais.
O reino dos céus é mais valioso do que qualquer outra coisa que possamos ter, e devemos estar dispostos a desistir de tudo para alcançá-lo.



PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS

"Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer." (Mateus 21.28-32).

Estas duas personalidades revelam perfeitamente as suas qualidades em suas palavras e ações. O primeiro filho, convidado pelo pai a trabalhar na sua vinha, disse que ia mas não foi. O segundo disse que não ia, mas foi. O primeiro é a personificação da crença (credo) sem obras; o segundo é o tipo do homem inteligente que, negando-se ao trabalho espiritual, depois de haver raciocinado e tirado suas conclusões, transformou o não em sim, não com a palavra abstrata, a crença, a obediência cega, mas por um esforço intelectual e pelas obras que deliberou fazer, “trabalhando na vinha”.

Ensina esta parábola que a vontade de Deus é que trabalhemos não só em proveito nosso, mas em proveito dos nossos semelhantes: ao passo que não é vontade de Deus crermos sem trabalho, isto é, cegamente, sem obras.

De fato, o que Jesus está ensinando é que dizer “sim” para algo, não necessariamente carrega a intenção de fazer alguma coisa, visto que esse simples “sim” não necessariamente trabalha para realizar a vontade do Pai, pela simples declaração de um “sim”.

Todo “sim” que não cria um “sim” na prática, é o mais horrendo de todos os “não”, visto que será “não” mesmo. Esses tais “sim” sempre serão negações, pela omissão que procrastina para sempre.

Quando eu digo “sim”, muitas vezes, estou apenas comprando tempo de esquecimento, pois, de fato, não tenho nenhuma disposição de fazer o que prometo. Isto porque nos “amém”, a gente cria uma falsa impressão de obediência, e que serve como encobrimento da real decisão de nada fazer.

Desse modo, Jesus está nos ensinando que um “não” verdadeiro carrega muito mais promessa verdadeira que um “sim” que apenas tentar desvia a atenção do “não” que não se tem coragem de falar.

Dizer um “sim” pode ser o veneno para cauterizar a consciência, e aniquilar o poder de um “sim-fato-obediência”.

Já um “não” honesto pode produzir, com a mesma força da negação, um arrependimento que se transforme num “sim” de ações, e que serão tão verdadeiras quanto a coragem do “não”.

Isto porque dizer “não” gera muito mais reflexão e possibilidade de real mudança da mente, pondo a pessoa no caminho de uma nova decisão, igualmente sincera.

Todavia, em todo “sim” fácil, existe o poder da dormência, e que não raramente deixa o “filho do sim” como um ser profundamente negativo na prática, visto que é no “não” que habita o poder do “amém”, do verdadeiro “sim”, quando o coração fica instigado pela própria força de uma convicção que muito rapidamente pode virar um “sim sem a palavra sim”.

O maior perigo de dizer “sim” é que ele anestesia a consciência, pois põe o “ser-sim” na ilusão de que sua confissão já é a coisa em si.

Dizer “sim” para Deus e não sair do lugar é o caminho para o cinismo e para o confessionismo que coloca o individuo no caminho da “desobediência submissa”.

Já dizer “não” pode colocar a pessoa na estrada do que é, mesmo que tenha assim se tornado pela via de uma posterior reflexão.



PARÁBOLA DO FARISEU E O PUBLICANO

"E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado." (Lucas 18.9-14).

Possivelmente, o fariseu descrito nesta parábola, não era má pessoa. Em todo caso, ele não fez mal a ninguém. Mas, conforme se pode observar a partir da parábola, ele também não realizou verdadeiras boas obras. Entretanto, ele cumpria rigorosamente os intrincados rituais religiosos, que até nem eram exigidos pelo Antigo Testamento. Realizando estes rituais, ele tinha um alto conceito acerca de si mesmo. Ele condenou a todos e só absolveu a si mesmo! (De acordo com as palavras de João, as pessoas com esta inclinação são incapazes de avaliar a si mesmas de maneira crítica, de arrepender-se e de começar uma vida autenticamente virtuosa. Sua essência moral está morta. Por várias vezes Jesus Cristo criticou severamente a hipocrisia dos fariseus e dos livreiros judeus. Entretanto, nesta parábola Cristo limitou-se simplesmente a uma advertência, de que "o publicano desceu justificado para sua casa, e não aquele (o fariseu)," ou seja: o arrependimento sincero do publicano fora aceito por Deus.



PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA

"Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma, não acende a candeia, não varre a casa e não a procura diligentemente até achá-la? Quando a tiver achado, reúne as suas amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido." (Lucas 15.8-10).

Quando meditamos nos evangelhos, somos tantas vezes impactados com a manifestação do ministério de Jesus pelo Espírito de Deus. É poderoso como sua palavra permanece viva e atual, e ao nos dispormos em buscá-la, Deus continua nos ensinando, falando ao nosso coração; uma nova revelação salta aos nossos olhos em textos que já nos são familiares, e então somos surpreendidos com a graça renovada, dia após dia, em nossa direção.

No Evangelho de Lucas, encontramos três parábolas que Jesus propõe aos fariseus e líderes religiosos (escribas), logo após ser criticado por estes ao aproximar-se e assentar a mesa com os "publicanos e pecadores". São elas, a parábola da ovelha perdida, a dracma perdida e o filho pródigo. Especificamente esta parábola da dracma, somente é encontrada neste evangelho. As três parábolas tem o mesmo tema central, a restituição, encontrar o que havia se perdido, ou a redenção para nós, outrora pecadores, em Cristo Jesus (Colossenses 1.13) e o júbilo que há nos céus diante do filho perdido que agora foi encontrado.

O que chama a atenção neste texto inicialmente, é a ênfase que o Messias dá à atitude daquela mulher, que ao possuir dez dracmas, sendo surpreendida com a perda de uma delas, imediatamente põem-se a procurá-la. Perceba que Ele diz: “Ou qual é a mulher”, dando a entender que ele refere-se ao sentido de que todas as mulheres fariam à mesma coisa, teriam a mesma atitude, ou seja, qual mulher não faria isso? É uma pergunta.

Para esclarecermos esta indagação feita por Jesus, precisamos em primeiro lugar definirmos qual é o valor daquilo que esta sendo procurado. Quando perdemos algo que não tem valor, não nos importamos em achá-lo, mas se aquilo que sumiu possui grande valor, grande estima para nós, então imediatamente nos lançamos em sua busca. 



PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

Ao filho mais moço cabia um terço da propriedade; ao mais velho, dois terços. Na maioria dos casos, os herdeiros recebiam a sua parte por ocasião da morte do pai, embora este, às vezes, optasse por repartir a herança mais cedo, liberando-se da administração de suas propriedades. O fato incomum nessa parábola é que o mais moço iniciou o processo de divisão da propriedade. Esta foi uma demonstração arrogante de falta de consideração pela autoridade de seu pai como o chefe da família.

Na parábola do filho pródigo, são apresentados traços característicos do percurso da vida de um pecador. A pessoa entretida com os prazeres mundanos, após uma série de erros e derrocadas, finalmente "cai em si”, ou seja, começa a tomar consciência de sua futilidade, e da imundície de sua vida, e resolve, arrependida, retornar a Deus. Esta parábola é muito vital do ponto de vista psicológico. O filho pródigo somente soube avaliar a sorte de estar com seu pai, após o sofrimento que passara estando longe dele. É exatamente da mesma maneira que muitas pessoas só começam a dar o devido valor à comunhão com Deus quando sentem profundamente a mentira e a inutilidade de suas vidas. Partindo deste ponto de vista, esta parábola demonstra fielmente o lado positivo dos pesares e fracassos da vida. O filho pródigo possivelmente jamais teria caído em si, se a pobreza e a fome não tivessem lhe proporcionado à devida lucidez.

"E disse: Um certo homem tinha dois filhos; e o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se." (Lucas 15.11-24).

Esta parábola personifica o amor de Deus aos pecadores através do exemplo do pai sofrido, que saía diariamente pelos caminhos, na esperança de ver seu filho retornando. Ambas as parábolas apresentadas, da Ovelha Perdida e do Filho Pródigo falam-nos da importância e significado da salvação do homem para Deus. No final da parábola do filho pródigo fala-se do irmão mais velho, indignado com o perdão do pai ao irmão mais moço. Com a figura do irmão mais velho, Cristo subentendia os livreiros judeus invejosos. De um lado, eles desprezavam profundamente os pecadores - os publicanos, depravados, e outros, desdenhando-os; por outro lado, indignavam-se que Cristo tratava com eles, ajudando estes pecadores a trilhar o caminho do bem. Esta compaixão de Cristo aos pecadores levava-os à loucura.


PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA

Esta parábola trata de maneira clara e evidente a tão esperada mudança para o melhor, para a salvação, quando o bom pastor, o Filho de Deus, chega ao mundo para encontrar e salvar sua ovelha perdida — o homem pecador. A parábola sobre a ovelha perdida, assim como as duas parábolas seguintes, são contadas em resposta ao descontentamento dos livreiros judeus enraivecidos, que repreendiam Cristo por sua atitude compassiva aos pecadores inveterados.
Pode parecer tolo que o pastor deixe noventa e nove ovelhas para ir procurar por apenas uma. Mas o pastor sabia que as noventa e nove estariam seguras no aprisco, ao passo que a ovelha perdida estaria em perigo.
O amor de Deus para com o ser humano é tão grande que Ele procura cada um e regozija-se quando encontra os perdidos

"E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso; e, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." (Lucas 15.1-7).

Os orgulhosos e jactanciosos livreiros judeus esperavam que o Messias chegasse para formar um reino poderoso e glorioso, no qual eles teriam um papel relevante. Eles não compreendiam que o Messias é, antes de mais nada, um pastor dos Céus, e não um dirigente terreno. Ele veio ao mundo com o intuito de salvar e trazer de volta ao reino de Deus aqueles que admitiam ser pessoas irremediavelmente perdidas. Nesta parábola, a compaixão do pastor à ovelha perdida manifesta-se principalmente no fato do mesmo não tê-la castigado, e sim colocado sobre seus ombros e a trazido de volta. Isto simboliza a salvação da humanidade pecadora, quando Cristo crucificado tomou para si os nossos pecados, purificando-os. A partir disso, o poder expiatório do sofrimento da crucificação de Cristo possibilita o renascimento moral do homem, devolvendo-lhe a retidão perdida e o deleite da comunhão com Deus.



PARÁBOLA DO JOIO

A Igreja de Cristo na Terra, sendo em essência o reino espiritual, possui, logicamente, uma conformação externa, já que consiste de pessoas de carne e osso. Infelizmente, nem todas as pessoas abraçam a fé cristã por uma convicção interior, com o intuito de cumprir em tudo a vontade de Deus. Alguns tornam-se cristãos por força das circunstâncias; outras pessoas, apesar de terem ingressado no caminho da salvação com uma intenção sincera de servir a Deus, com o passar do tempo enfraqueceram em sua devoção e começaram a sucumbir aos pecados e vícios anteriores. Por força destas circunstâncias, não é raro pertencerem a Igreja, pessoas que, em termos de sintonia espiritual e modo de vida, são mais pagãs do que cristãs. Suas atitudes repreensíveis não podem deixar de provocar reprovações, por lançarem uma sombra sobre toda a Igreja, dando motivo a injúria do próprio ensinamento de Cristo.

Em sua Parábola do Joio, Jesus fala-nos do triste fato de que, nesta vida temporal, juntamente com os membros crédulos e bons do reino de Deus, convivem também os membros indignos, os quais, distintamente aos filhos do reino, Cristo chama de "filhos do astuto."

"Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro." (Mateus 13.24-30).

Nesta parábola devemos compreender como é tentador na vida eclesiástica e na vida das próprias pessoas, o modo de vida vigente, indigno do chamamento cristão. A história da igreja é salpicada por fatos que, de maneira alguma poderiam provir de Deus — heresias, revoltas e cismas eclesiásticas, perseguições religiosas, desavenças, atitudes lascivas de pessoas, que porventura ocuparam postos de destaque na igreja. Uma pessoa superficial ou distante da vida espiritual, ao observar estes fatos, está pronta para jogar a pedra da condenação no próprio ensinamento de Cristo, julgando-o incapaz de corrigir as pessoas.

Na Parábola do Joio, Cristo apresenta a verdadeira origem de todas as obras obscuras — o demônio. Se fossemos capazes de abrir nossa visão espiritual, enxergaríamos que existem criaturas malignas reais, denominadas demônios, que incitam as pessoas a praticarem o mal de maneira persistente e consciente, jogando habilmente, aproveitando as suas fraquezas. Segundo esta parábola, os próprios instrumentos desta força maligna invisível — as pessoas — não podem ser consideradas inocentes: "dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo" ou seja, devido ao descuido dos homens, o demônio tem a possibilidade de influir sobre eles.

PARÁBOLA DO FERMENTO

"Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado." (Mateus 13.33).

As "três medidas" de farinha simbolizam as três forças espirituais: a razão, a vontade e os sentimentos, que são transfiguradas pela bem-aventurança de Deus. A última ilumina a razão, desvendando-lhe as verdades espirituais, fortalece a vontade nas boas obras, apazigua e purifica os sentimentos, inspirando no homem uma felicidade radiante. Nada no mundo se compara à bem-aventurança de Deus: as coisas terrenas nutrem e fortalecem o corpo físico, já a bem-aventurança de Deus nutre e fortalece a alma imortal humana. Eis o motivo do homem precisar valorizar, antes de mais nada, a bem-aventurança de Deus e estar pronto a sacrificar tudo por ela.



PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA

No Oriente, a planta da mostarda atinge enormes dimensões (mais de doze pés), entretanto, sua semente é extremamente diminuta, portanto, os judeus da época de Cristo costumavam ter um ditado: "Pequeno, como um grão de mostarda". Esta comparação do reino de Deus com o grão de mostarda confirmou-se plenamente com a rápida propagação da Igreja nos países do mundo pagão. A Igreja, sendo inicialmente uma sociedade religiosa reduzida, insignificante para o resto do mundo, representada por um pequeno grupo de pescadores iletrados da Galiléia, propagou-se por todo o mundo antigo num período de dois séculos, partindo das terras selvagens dos citas, até a tórrida África, a longínqua Bretanha, e a misteriosa Índia. 

Pessoas das mais variadas raças, línguas e culturas encontraram na Igreja a salvação e a paz espiritual, da mesma maneira que as aves buscam abrigo nos ramos de um suntuoso carvalho durante as tempestades.

"Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; o qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos." (Mateus 13.31,32).



PARÁBOLA DA SEMENTE

"E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa." (Marcos 4.26-29).

Esta parábola, registrada apenas por Marcos, não tem o objetivo de enfatizar o trabalho do homem que semeia, ou o desenvolvimento da semente, e nem a força da terra que faz a semente produzir. Ela é uma alegoria que se resume num tema que pode ser chamado de “paciência para esperar”. O crescimento espiritual é semelhante ao desenvolvimento de uma planta, um processo contínuo e gradual, que termina com a colheita da maturidade espiritual.

É impossível criar condições para que a semente cubra rapidamente o ciclo agrícola, desde o plantio até a produção, para se chegar rapidamente à colheita. O natural é que ela se desenvolve sem explicação, até alcançar o propósito para o qual ela foi criada e plantada. É Deus quem conduz a realização desse propósito, e nenhum homem tem poder de determinar a consumação do mesmo. Isto está nas mãos de Deus. Ao homem cabe esperar com paciência. 

Os versos 26 e 27 falam alegoricamente que a semente do reino foi lançada, havia muito tempo, e que gerações se passaram enquanto a semente germinava e crescia, sem que o homem soubesse como isto acontecia. Esta semente do reino foi lançada em Israel pelos profetas de Deus, mas o seu desenvolvimento era misteriosamente guardado para ser revelado por Jesus e seus santos apóstolos e profetas (Efésios 3.4,5) que continuaram na colheita iniciada por Jesus (João 4.37,38).

Os versos 28 e 29 comparam o poder de Deus que faz crescer o seu reino com a força da terra que faz desenvolver a planta em todos os seus estágios, até chegar ao grão amadurecido, pronto para a colheita.