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QUEM MATOU JESUS?

Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião do Sinédrio. “O que faremos?”, perguntaram eles. “porquanto este homem vem operando muitos sinais” (João 11.47).


O Sinédrio era composto pelo sumo sacerdote, que o presidia, por outras pessoas importantes de famílias sacerdotais, por um grupo de homens notáveis das famílias não-sacerdotais (os anciãos) e por um grupo de mestres da Lei, até completar o número 71. Tinha autoridade em questões internas dos judeus, especialmente religiosas.


É muito significativo, neste ponto, que o sinédrio não mais procurava autenticar ou negar os sinais feitos por Jesus; mas antes, seus membros só se interessavam por tomar alguma medida que fizesse cessar os seus milagres, através de sua execução.

O medo de perder o lugar

“Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação” (João 11.48).

É muito possível que a interpretação central, neste caso, seja simplesmente que temiam a perda de sua autoridade, e que os romanos passariam a governar a nação de Israel de maneira absoluta; e também é possível que tudo não tenha passado de uma profecia inconsciente (como a de Caifás que aparece logo em seguida), sobre a destruição de Jerusalém, o que efetivamente ocorreu, no ano 70 d.C.

Caifás maquinando o plano
“E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis” (João 11.49).

Caifás. Sumo sacerdote por volta de 18-36 d.C. Era genro de Anás (João 18.13), que tinha sido deposto do sumo sacerdócio pelos romanos em 15 d.C. naquele ano era o sumo sacerdote. Significa “era o sumo sacerdote na ocasião”. O sumo sacerdócio não era cargo anual, mas devia ser vitalício. Nada sabeis. Observação típica da grosseria dos saduceus (Caifás, como sumo sacerdote, era saduceu).

O jogo de interesses

"Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação” (João 11.50).

Melhor. Caifás interessava-se pelas vantagens políticas, não por questões de culpa e inocência. Acreditava que um só homem, por mais inocente que fosse, devia perecer para que a nação inteira não sofresse riscos. Por ironia, embora os judeus dessem prosseguimento à execução de Jesus, em 70 d.C. a nação pereceu da mesma forma.


Caifás, pois, relembrou aos seus colegas que lhes seria vantajosa a morte de Jesus, porquanto, na qualidade de sacerdotes, levitas, fariseus, saduceus, etc., na qualidade de autoridades eclesiásticas e de membros do sinédrio, haveriam de sofrer a perda de sua posição, autoridade, rendas, impostos, terras, propriedades, honra e sabe lá o que mais...

A profecia

“Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação” (João 11.51).

Sendo o sumo sacerdote. Caifás não era cidadão comum – era o sumo sacerdote da parte de Deus, e Deus fez valer a sua soberania naquilo que foi dito. Suas palavras eram verdadeiras, de modo tal que ele nem sequer podia imaginar. Profecia nas Escrituras é transmissão de verdade divinamente revelada. O significado real das palavras de Caifás era que a morte de Jesus seria em prol da nação, não com o fim dos distúrbios políticos, mas com a eliminação dos pecados de quem nele cresse.

A profecia continua... a morte em prol da humanidade

“E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” (João 11.52).

Ver também I João 2.2, onde se lê:
“...e Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. Nisso tudo vemos o universalismo cristão, condicionado à fé ou confiança em Cristo – a potencialidade é universal, o poder de efetivar o resultado é universal, porquanto Cristo é o Senhor universal, e o seu evangelho é um anúncio enviado a todos os homens.

Estava resolvido: morte

“Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem” (João 11.53).

Quando o Senhor Jesus começou a sofrer as horríveis pressões de uma pena de morte que já lhe fora arbitrariamente imposta, os seus discípulos puderam entender que a grande crise não estava distante, especialmente no caso de indivíduos como Nicodemos e José de Arimatéia, que estavam presentes quando essa decisão foi decretada pelas autoridades religiosas do sinédrio.

Jesus perante Pilatos

Acusado pelos chefes dos sacerdotes e pelos líderes religiosos, Ele nada respondeu. - Então Pilatos lhe perguntou: “Você não ouve a acusação que eles estão fazendo contra você?” - Quando Pilatos percebeu que não estava obtendo nenhum resultado, mas, ao contrário, estava se iniciando um tumulto, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse: “Estou inocente do sangue deste homem; a responsabilidade é de vocês” (Mateus 27.12,13,24).

Pilatos era o governador romano presente em Jerusalém na época da Páscoa. Jesus foi levado a ele porque, de conformidade com a lei romana, os judeus não tinham autoridade para decretar pena de morte. Pilatos tornou-se o símbolo dos que tomam decisões religiosas à base da conveniência política, e não à base da verdade e justiça. Todo crente deve tomar cuidado para não transigir com a Palavra de Deus. Ele deve tomar posição por aquilo que é justo, e não por coisas que servirão apenas a suas ambições egoístas.

A voz do povo

Então perguntou o governador: “Qual dos dois vocês querem que eu lhes solte?” Responderam eles “Barrabás!” - Perguntou Pilatos: “Que farei então com Jesus, chamado Cristo?” Todos responderam: “Crucifica-o!” - Todo o povo respondeu: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos!” - Então Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado. (Mateus 27.21,22, 25, 26).

“Responderam eles Barrabás”. As autoridades religiosas estavam solicitando o apoio do povo, na condenação de Jesus. Era uma multidão ao mesmo tempo maleável e tremendamente pervertida.

“Que farei então de Jesus...” É a pergunta central da existência humana. Alguns, como aquela multidão, desprezam-no, e não percebem necessidade de pensar nele.

Açoitar. Os açoites, antes da crucificação, eram um brutal costume romano, o qual fazia parte da punição capital. O açoite era feito de uma forte tira de couro, na ponta da qual havia um pedacinho de chumbo ou de outro metal, ou de osso. O número de açoites dependia do capricho do cruel executor. Com frequência esse espancamento reduzia o corpo a uma massa de carne sangrenta. Jesus foi entregue aos soldados, a fim de que recebesse esse castigo cruel.

E nós nesta história?

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3).

Ao assim dizer, naturalmente Paulo tinha a mente fixa nas profecias do Antigo Tesamento, que deveriam ser cumpridas nesse particular. Portanto, a palavra “vós” em Atos 2.23,
(...vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos) em última análise envolve todos os homens, embora o ato real da crucificação tenha sido realizado por uns poucos, tendo sido decretada humanamente por um menor número ainda, reclamada em altos brados por uma multidão que, em relação aos bilhões de criaturas da humanidade, representava uma fração desprezível. Porém, nesses, todos nós estávamos representados.

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