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OS TEMPLOS

Os templos foram o tipo de construção mais antigos da humanidade. A torre de Babel (Gênesis 11:4) é a primeira construção religiosa mencionada na Bíblia.


Quando Israel saiu do Egito para se estabelecer em Canaã, seu santuário era um tabernáculo móvel; as nações vizinhas dele tinham templos (veja 1 Samuel 5:5), e os restos de alguns deles foram desenterrados pelos arqueólogos. O rei Davi começou a reunir material para um templo permanente em Jerusalém, e seu filho Salomão o edificou.


O templo de Salomão

A construção de uma casa permanente para substituir o tabernáculo, ocupou sempre o pensamento de Davi, e, por isso, tratou logo no principio de seu reinado, de armazenar os materiais necessários à realização de seu plano (2 Samuel 7; 1 Reis 5:3-5; 8:17; 1 Crônicas 22; 28:11-29.9). O edifício é descrito em 1 Reis 6-7 e 2 Crônicas 3-4.

Ajuntou 100.000 talentos (3.500 toneladas) de ouro e 1.000.000 de talentos (35.000 toneladas) de prata, para os gastos da casa do Senhor (1 Crônicas  22:14). Além disso, deu ele de seu bolso 3.000 talentos (de ouro e 7.000 talentos de prata; e os príncipes contribuíram com 5.000 talentos de ouro, 10.000 soldos de ouro, e 10.000 talentos de prata, fazendo um total de 108.000 talentos de ouro, 10.000 soldos de ouro e 1.017.000 talentos de prata.

Tais quantias são absurdas. O que se tem em ouro é o equivalente a 36 bilhões de dólares. Em prata, 80 milhões de dólares. Não é para admirar que ele pudesse ajuntar tão grandes riquezas, tomando em conta os despojos das guerras com os reinos vizinhos e os tributos dos países vencidos. Todo o material amontoado foi posto à disposição do rei Salomão para a construção do templo e ainda sobejou.

Salomão deu principio à obra no quarto ano de seu reinado e completou-a dentro de sete anos (1 Reis 6:38). A aliança de Salomão com Hirão, rei de Tiro, facilitou a aquisição de madeiras do Líbano e de hábeis artífices.

O rei escolheu obreiros em todo o Israel, 30.000 homens, que ele mandava ao Líbano por seu turno, 10.000 mil cada mês. Havia mais 150.000 entre carregadores e cabouqueiros (1 Reis 5:15;9:20,21; 2 Crônicas 2:2,17,18). Sobre este número de operários havia 550 inspetores e 3.300 sub-inspetores, (1 Reis 5:16;9:23), dos quais 3.600 eram cananeus e 250 israelitas (2 Crônicas 2:17; 8:10).

O templo foi levantado sobre o Monte Moriá, no lugar que tinha sido mostrado a Davi seu pai, na eira de Ornã, Jebuseu.


O plano geral obedecia ao mesmo plano do tabernáculo; as dimensões eram em dobro e as ornamentações mais ricas. O interior do edifício media 60 côvados (27 metros) de comprimento e 20 (9 metros) de largura e 30 (13,5 metros) de altura (1 côvado equivale aproximadamente 45 cm).

A coberta era de pranchões de cedro. As paredes da casa pelo interior eram guarnecidas de tábuas de cedro. Todo o Interior era coberto de ouro puríssimo, e os muros, ornamentados com figuras de querubins, de palmas e de flores.

O santo dos santos media 20 côvados (9 metros) de comprimento e 9 metros de largura. Revestiu o seu interior de 21 toneladas de ouro puro.

A arca repousava no santo dos santos sob as asas de dois querubins, feitos de pau de oliveira e cobertos de ouro. O comprimento das asas era de 5 côvados (2,25 metros), tocava de um lado, na parede do templo, e do outro lado, na asa do outro querubim. Assim os querubins, com as asas que se estendiam por 9 metros, estavam de pé, de frente para o átrio principal.

A divisão entre o santo dos santos e o lugar santo era feita de tábuas de cedro, forradas de ouro de ambos os lados, e tinha duas portas de pau de oliveira, decoradas com palmas, querubins e flores, e também forradas de ouro.

O altar do incenso era feito de cedro e coberto de ouro. Pertencia ao santo dos santos, (Hebreus 9:3,4) mas permanecia fora dele, sem dúvida, para que os sacerdotes, que só entravam no santo dos santos uma vez no ano, pudessem diariamente oferecer o incenso.

Havia dez castiçais de ouro e dez mesas. A entrada para o santuário tinha portas de pau de faia. Sobre a parede do templo havia diversos andares com quartos à roda, destinados aos oficiais do templo e à guarda das alfaias. Havia um pórtico diante do templo, de 20 côvados (9 metros) de comprimento e 10 (4,5 metros) de largura e 120 (54 metros) de altura. Este pórtico tinha duas colunas de bronze, Jaquim (que ficava a direita) e Boaz (que ficava a esquerda), cada uma delas ricamente ornamentadas (2 Crônicas 3:17).

O templo tinha dois átrios, o átrio dos sacerdotes e o grande átrio, separados entre si, tanto por diferença de nível, como por um pequeno muro, formado de três ordens de pedras cortadas e de uma ordem de cedro.

No átrio dos sacerdotes, havia um altar de bronze para os sacrifícios, quatro vezes maior do que o que havia no tabernáculo, e um mar de bronze. O mar de bronze destinava-se à purificação  dos sacerdotes (eles lavavam as mãos e os pés, antes de irem para o altar e de entrarem no santuário); as bacias serviam para receber a farinha e o azeite e também o sangue dos sacrifícios, era feita de ouro, prata ou cobre.

O átrio exterior, ou grande átrio destinava-se ao povo de Israel, cujo pavimento era lajeado de pedra, cercado por um muro com porta lado a lado.

Os babilônios saquearam e reduziram a cinzas este templo, quando tomaram Jerusalém no ano 587 a.C., 2 Reis 25:8-17.

O templo de Ezequiel

Ezequiel teve uma visão de um novo templo (Ezequiel 40-43), embora ele nunca tenha sido construído. Ficava num pátio murado quadrado que tinha três portões fortificados e continha anexos para depósitos e acomodações. De resto, o padrão básico do templo era semelhante ao de Salomão.

O segundo templo

O segundo templo foi o templo que o povo judeu construiu após o regresso a Jerusalém, findo o cativeiro Babilônico, no mesmo local onde o Templo de Salomão existira antes de ser destruído. Manteve-se erigido entre 515 a.C. e por volta de 70 d.C., tendo sido, durante este período, o centro de culto e adoração do Judaísmo.

O templo foi mandado reconstruir por decreto de Ciro II da Pérsia. No ano 539 a.C., Ciro apodera-se da Babilônia e ordena o repatriamento dos judeus mantidos em cativeiro e a reconstrução do seu templo, que, segundo a descrição presente no livro de Esdras, terá tido lugar sob Zorobabel, sendo apoiada pelo funcionário Esdras e pelos profetas Zacarias e Ageu.

Porém, no século II a.C., o Segundo Templo foi profanado por Antíoco IV Epifânio, que mandou sacrificar uma porca sobre o altar. Este incidente deu origem à revolta dos Macabeus.

O templo foi quase totalmente destruído pelas tropas do General e futuro Imperador Romano Titus Flávio, em 70 d.C., abafando aquilo que foi a Grande Revolta Judaica onde morreram mais de um milhão de judeus. Uma primeira revolta acontecera em 136 a.C., e a terceira seria liderada pelo suposto Messias Bar Cochba em 135 d.C.

A única porção do segundo templo que ainda hoje se encontra em pé é o famoso Muro das Lamentações.

O templo de Herodes

Foi uma grande reforma e ampliação do segundo templo.

Os trabalhos de construção começaram por volta do ano 20 a.C. O templo propriamente dito foi terminado em um ano e meio, mas foram necessários mais oito anos para terminar o pátio e os aposentos para os sacerdotes. João 2:20 nos conta que ao tempo de Cristo o templo estava em construção havia já quarenta e seis anos; com efeito, somente por volta do ano 66 da nossa era, pouco antes da destruição de Jerusalém pelos romanos, é que o templo foi completamente acabado.

O templo de Herodes era um belíssimo edifício. Fora construído de mármore branco coberto com laminas de ouro, localizava-se numa eminência com degraus que levavam a ele por todos os lados, e que constituíam uma serie de terraços. Elevava-se a 120 metros acima do vale em baixo, e podia ser avistado a grande distância. Josefo compara-o a uma montanha coberta de neve.

O tamanho dos dois compartimentos, santo e santíssimo, era o mesmo do templo de Salomão; isto é, o templo propriamente dito tinha cerca de 27 metros de comprimento e 9 de largura. O lugar santo estava separado do santíssimo por uma parede com cerca de 45 centímetros de espessura, com uma abertura diante da qual pendia o véu mencionado em Mateus 27:51, que se rasgou de alto a baixo por ocasião da morte de Jesus.

Nenhuma mobília existia no lugar santíssimo, mas apenas a pedra que ficara do templo de Zorobabel, sobre a qual o sumo-sacerdote colocava o incensário no Dia da Expiação. A mobília do santíssimo era provavelmente a mesma do templo de Salomão.

Exatamente sobre o lugar santo e o santíssimo havia aposentos ou salas onde os sacerdotes se reuniam em determinadas ocasiões. Por algum tempo o Sinédrio também se reuniu ali. No soalho da sala que ficava sobre o santíssimo havia alçapões através dos quais uma caixa podia ser descida ao lugar santíssimo, em baixo. Essa caixa era grande bastante para conter um ou mais operários que às vezes precisavam fazer algum reparo no templo. A caixa se abria para o lado da parede, de maneira que podiam trabalhar nas paredes sem descer dela, ou melhor, sem olhar em torno. Visto como apenas o sumo-sacerdote podia penetrar no lugar santíssimo, esse plano tornava possível se fazerem os necessários reparos sem que os operários por isso precisassem entrar ou estar no santíssimo.

Ao lado do templo propriamente dito havia aposentos para os sacerdotes e também para depósito, como se dava no templo de Salomão. Havia também um pórtico na frente, que avançava cerca de doze metros além da parede lateral, e que dava ao pórtico a largura total de 48 metros.

O pátio exterior do templo de Herodes era um amplo cercado, não completamente quadrado, com cerca de trezentos metros de cada lado. Esse pátio estava dividido em outros, menores, tais como o dos gentios, o das mulheres e o dos sacerdotes.

No pavimento próximo do altar havia argolas às quais podiam ser atados os animais que iam ser oferecidos. Havia também mesas com vasos, facas e vasilhas usadas nos sacrifícios. O altar estava dotado de um sistema de escoamento, de modo que o sangue vertido ao pé do altar era conduzido à corrente, em baixo. Tudo isso era mantido escrupulosamente limpo, e até mesmo o sistema de escoamento era lavado em dias fixos.

Nas paredes que cercavam o pátio havia portas ou alpendres, às vezes chamados pórticos. A que ficava para o lado do nascente era chamada “alpendre de Salomão”. Os lados que ficavam ao norte, a oeste e leste, tinham alpendres duplos com duas fileiras de colunas e teto de cedro esculpido. Do lado do sul ficava o pórtico real com 162 colunas. Estas colunas eram dispostas de modo a formar três entradas, tendo as laterais nove metros de largura, e a central,  treze metros e meio. Nesses pórticos era possível realizar reuniões públicas. Era aí que a igreja primitiva se reunia quando ia orar no templo. Era o ponto de reunião comum quando o povo de Israel ia ao templo.

A parte do pátio mais próxima da entrada era chamada pátio dos gentios. Um parapeito de pedra separava esse pátio do resto. Nenhum gentio podia ir além desses limites. Havia sobre o parapeito a seguinte inscrição: “Nenhum estrangeiro pode passar além da balaustrada e da parede que cercam o lugar santo. Quem quer que seja apanhado violando este regulamento será responsável pela sua morte, que se seguirá.”

Foi por pensar que Paulo havia transgredido esta ordenança que os judeus lançaram mão dele no templo e os romanos o prenderam. Atos 21.28. Em 1880 encontrou-se essa inscrição, que atualmente se acha num museu.

O templo de Herodes foi talvez o mais belo edifício que o mundo já viu. Era o orgulho dos judeus. Todavia, foi destruído. “Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”, foram as palavras de Cristo (Mateus 24.2). Esta profecia teve literal cumprimento. Nenhuma pedra foi deixada.

Fonte de consulta:
Dicionário da Bíblia John Davis
Dicionário Bíblico Vida Nova
Manual Bíblico Vida Nova

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