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COMO OS MARXISTAS VEEM JESUS

O marxismo nasceu quando os teólogos protestantes estavam ocupados em sua busca pelo Jesus histórico – uma busca em grande parte predeterminada pelos métodos racionalistas e opiniões filosóficas da época. Para Karl Marx (1813-1883), “a crítica da religião foi essencialmente completada”, e por isso ele não tem interesse no fundador da fé cristã.

Falando de mofo geral, os marxistas odeiam todos os deuses, mesmo Jesus Cristo, o homem-Deus cristão. Eles podem ficar às vezes intrigados pelo homem Jesus, mas apenas depois de claramente dissociá-lo do Novo Testamento e da interpretação cristã subsequente como Filho de Deus e Salvador da humanidade.


Frederick Engels (1820-1895) teve uma formação pietista, mas se tornou ateu. O famoso “crítico de Jesus” moderno D. F. Strauss influenciou-o nessa direção. Mais tarde Engels ensinou que3 o cristianismo começou no segundo século no Egito e a ideia de Cristo, o Salvador, foi um produto de ideias ansiosas das classes inferiores que desejavam a libertação.

O primeiro estudo sistemático do cristianismo primitivo feito da perspectiva marxista foi escrito por Karl Kautsky (1854-1939) sob o título Foundations of Christianity (Fundamentos do cristianismo). Para Kautsky, Jesus foi um “revolucionário de orientação comunista messiânica”, líder das massas oprimidas e exploradas. Uma vez que representava uma ameaça à instituição romana, eles o crucificaram. A fé na obra redentora de Cristo desenvolveu-se gradualmente a partir da frustração das massas trabalhadoras incapazes de mudar suas condições.


Para Lenin (1870-1924), Jesus nunca existiu e era uma invenção mítica. A propaganda anticristã oficial na então União Soviética considerou o retrato de Jesus feito por Kautsky um Messias revolucionário positivo demais. Os marxistas soviéticos, em seu ataque ao cristianismo, sistematicamente “eliminaram” Jesus da história. Essa completa abolição de Jesus foi reforçada em todos os estudos soviéticos que tratavam do assunto. Ela foi repetida por outros marxistas da Europa Oriental.

Jesus e os neomarxistas


Desde o final da década de sessenta, tem havido um interesse cada vez maior de Jesus de Nazaré entre alguns críticos marxistas abertos (geralmente chamados neomarxistas). Entre os mais conhecidos estão: Ernst Bloch, Roger Garaudy, Milan Machovec, Leszek Kolakowski, Vizteslav Gardavsky e Konrad Farner. Eles têm em comum a crítica ao marxismo como sistema fechado, dogmático e infalível, e uma abertura para reinterpretá-lo e replicá-lo.

Para Kolakowski, por exemplo, as tentativas de apagar Jesus da história e da cultura européia são infrutíferas e ridículas. Jesus é um exemplo dos mais sagrados valores humanos e “um exemplo da única autenticidade radical pela qual cada indivíduo humano é capaz de captar verdadeiramente seus valores de vida”.
Semelhantemente para o marxista francês Roger Garaudy, Jesus é “o mais elevado modelo de liberdade e amor, uma porta para o infinito...”.

Os neomarxistas são atraídos por Jesus como um modelo de vida e ação humanas. Ele é um homem autêntico; um homem para outros; um homem totalmente comprometido. Eles estão impressionados com a posição de Jesus diante da verdade e da justiça, e com sua solidariedade para com os pobres, o sofrimento, os moribundos. Seu amor não é abstrato ou sentimental, mas prático e concreto. Para os neomarxistas, Jesus é um “profeta e reformador”. Eles o vêem como alguém que abre novas possibilidades e um novo futuro para a humanidade.

Eles nos dão um quadro dinâmico do homem Jesus, mas apontam apenas para o cumprimento secular da humanidade. A visão neomarxista de Jesus ainda se fundamenta sobre pressuposições materialista-ateísta. Eles ainda rejeitam a interpretação de Jesus centralizada em Deus que o Novo Testamento ensina.

Fonte: Fundamentos da Teologia Cristã, pg. 70.
Peter Kuzmic


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